Por que João usou o termo Logos para identificar Jesus?


Por que João usou o termo Logos para identificar Jesus?

João usou o termo "Logos" (do grego λόγος), traduzindo como Verbo ou Palavra, para identificar Jesus com uma intenção teológica e filosófica profunda, dialogando tanto com o pensamento judaico quanto com o grego de sua época.

1. No contexto judaico: "Logos" como a Palavra de Deus ativa na criação, revelação e redenção

Na tradição judaica, a Palavra de Deus não era apenas som, mas uma força viva e criadora. Veja alguns exemplos:

  • Em Gênesis 1, Deus cria todas as coisas por meio da Palavra: "Disse Deus..."
  • Salmo 33:6: “Pela palavra do Senhor foram feitos os céus...”
  • Isaías 55:11: "assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei.”. A Palavra de Deus realiza o propósito para o qual foi enviada.

Ou seja, para os judeus, o logos remetia a essa Palavra poderosa e eficaz que vinha de Deus e agia no mundo. João, ao dizer que "o Logos se fez carne" (João 1:14), está afirmando que essa Palavra criadora e eterna se encarnou em Jesus.

2. No contexto grego: "Logos" como razão, princípio divino e ordem do universo

Entre os filósofos gregos, especialmente os estoicos e Platão, logos era o termo usado para descrever a razão universal, o princípio divino que dá sentido, ordem e coerência ao universo. Era algo impessoal, mas essencial para a existência.

João se apropria desse conceito e o personaliza em Jesus. Ele está dizendo aos gregos: 

"Esse Logos que vocês reconhecem como princípio de tudo... não é uma força impessoal. Ele é uma Pessoa. Ele se fez carne. Ele habitou entre nós."

3. Para mostrar que Jesus é eterno, divino e agente da criação

João 1:1-3:

“No princípio era o Verbo (Logos), e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por meio dele...”

Com isso, João identifica Jesus como:

  • Existente antes da criação (eterno)
  • Com Deus (distinção de pessoas)
  • Deus (unidade na divindade)
  • Criador de todas as coisas

Conclusão

João usou Logos de maneira estratégica e inspirada para apresentar Jesus como o cumprimento das expectativas judaicas sobre a Palavra viva de Deus e, ao mesmo tempo, como a resposta às perguntas filosóficas gregas sobre o sentido e origem do universo.

Assim, ele conecta mundos distintos em uma única revelação: Jesus é o Logos eterno, criador, revelador e redentor que se fez carne e habitou entre nós.

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